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  MEMORIAL DE FORMAÇÃO

 

 

 O presente memorial, além de ser parte integrante do Componente Curricular Estágio Supervisionado I, orientado pela professora Drª Ana Lúcia Gomes, terá também a função de informar a todos que o lerem, sobre a minha vida escolar e acadêmica como estudante. Mostrará alguns dos meus passos na trajetória acadêmica, tais como:  dificuldades, alegrias, descobertas e desafios ocorridos no meu percurso estudantil desde as séries iniciais até chegada ao Curso Superior e assim adquirir uma melhor compreensão, como também incorporar informações novas através dos variados conteúdos estudados no curso o que consequentemente irá proporcionar-me um futuro Formativo e Acadêmico melhor. Estabeleço aolongo deste texto, relações entre as fases mais marcantes da minha vida, primeiros anos escolares, momentos marcantes, vida profissional e formação acadêmica. Em cada fase busco relacionar a teoria e prática vivenciadas por mim. Saliento que todas as etapas não foram vivenciadas com muito otimismo, contudo acreditando sempre que quando há dedicação o resultado almejado será encontrado, a realização pessoal alcança seu nível de maturidade em cada etapa vivida na vida.

 

       Quem sou eu?

    Sou Adilson José Matos Ferreira, nasci no dia 11 de outubro de 1970, na cidade de Várzea do Poço na Bahia. Sou de origem humilde, filho de pai lavrador e mãe costureira, residentes na zona rural da cidade citada. Posso afirmar que vivi uma infância feliz e apesar da pouca escolaridade de meus pais, foram eles os primeiros a me apresentar a literatura através das mais diversificadas histórias infantis, que eram narradas a luz de um candeeiro quase todas as noites, numa varanda com pouca claridade, para uma pequena plateia (eu e meus três irmãos) atentos a cada detalhe do enredo. Essa influência literária foi marcante na minha vida, e valiosa para minha futura formação. Boas recordações das brincadeiras infantis (bola de gude, pião, carrinho, etc), dos banhos nas aguadas após as enchentes, babas com bolas de meias, e o trabalho com a agricultura. Nasci e sempre morei em fazenda, o que me oportunizou estar em constante contato com a natureza, devido a meu pai ser um pequeno agricultor acostumado com o trabalho duro; mas ele sempre nos transmitia otimismo em relação ao futuro.

   Em meu percurso de vida mantenho-me assim uma pessoa confiante e determinada na busca por um futuro melhor, sabedor que para alcançar esse tão almejado objetivo, a educação tem um papel determinante durante o percurso formativo que me gesta. Cresci tendo uma boa convivência com a minha família e com as pessoas de modo geral, o que influenciou positivamente em minha percepção de mundo e acima de tudo na minha condição humana. Por viver tudo isso, hoje meu bálsamo é o recanto da minha família e o encontro com amigos, onde posso me realizar plenamente.

 

O começo de tudo:

    Em 1978, com 8 anos de idade, iniciei minha vida estudantil. Como não havia transporte escolar para o deslocamento até as escolas situadas na cidade ou escolas nas proximidades de minha casa, a professora leiga (com formação até a 4ª série) Ilde, filha de um vizinho próximo a fazenda de meu pai, ministrava aulas para um grupo de alunos multisseriados em sua residência, devido à falta de um espaço destinado àquela função específica,  sob os olhos atentos dos meus pais, que desejavam que eu fosse bem-sucedido em minha vida escolar. Desde o início eles destacavam a importância da escola na vida de qualquer pessoa. Tudo era novo, alegre, diferente, um universo que assustava e ao mesmo tempo atiçava a minha curiosidade em desvendá-lo.

    

​Aos 10 anos, após a construção de uma escola em minha localidade conheci a professora Deusa Sousa Alves na 2ª série, a mesma sempre me incentivava aos estudos, como também foi crucial em minha formação da 2ª a 4ª série, pela parceria e amizade que permanece até os dias atuais. Não deixando de ressaltar que devido ao meu pai trabalhar na lavoura, aos 10 anos eu já pegava na enxada junto com ele e meu irmão mais velho e foi nesse cenário que ouvi dos lábios cansados da lida diária do meu pai a frase que mais marcou a minha vida:

-  “Filho o que você quer da vida”!

Respondi de imediato:

- Estudar e me formar em professor meu pai!

E ele sempre muito tranquilo e sereno como até hoje o é, indagou:

- “A partir de hoje você só vem para a lida se você quiser, porém, vou acompanhar junto a professora Deusa suas notas; as mesmas deverão ser boas, senão, a enxada lhe aguarda!

     

 

Esse diálogo só veio a ratificar aquele pensamento onde pairava uma certa dose de sonhos, inocência e acima de tudo uma forte convicção no que se refere ao contexto educacional. Da 1ª a 4ª série a leitura ou algo relacionado a livros paradidáticos não fazia parte do meu cotidiano de leitura, a não ser os dois livros que existia em minha casa: “a Bíblia Sagrada” e um livro sobre “Controle de Natalidade” que minha mãe ao se casar recebeu de presente da minha avó.

 

Novos desafios:

Aos 13 anos de idade abracei mais um desafio, aliás, a minha vida acadêmica sempre foi recheada de desafios. Não havia o Transporte Escolar para o deslocamento até o IESFA (Instituto Educacional São Francisco de Assis), onde com muita honra fiz parte até os 20 anos, data em que concluí o Magistério pela mesma instituição de ensino que ficava há 9 quilômetros de minha fazenda e como meio de locomoção usava uma bicicleta para fazer aquele percurso cotidianamente. A distância, os trabalhos escolares, a poeira, a lama e a chuva, jamais foram motivos de desestímulo, sempre firme em minhas pedaladas rumo ao conhecimento e a minha formação acadêmica. Assim percebo que os estudos sobre os desafios e dilemas da docência me remetem nesta escrita a reflexões acerca da minha formação em Letras no diálogo os os autores Pimenta e Lima (2012), ao afirmarem que o investimento central deve ser o desenvolvimento profissional para que aprendamos a docência articulada a um processo de valorização identitária e profissional. Identidade que é epistemológica, ou seja, que reconhece a docência como campo de conhecimentos específicos  configurados em quatro grandes conjuntos a saber: a - conteúdos das diversas áreas do saber e do ensino, ou seja, das ciências humanas e  naturais, da cultura e das artes;  b- conteúdos didático-pedagógicos , diretamente ligados ao campo da prática profissional; c- conteúdos relacionados a saberes pedagógicos mais amplos, do campo teórico da educação; d- conteúdos ligados à explicitação do sentido da existência humana individual, com sensibilidade pessoal e social (PIMENTA; LIMA, 2012).

Foi neste movimento de formação docente que o  IESFA, deixou-me marcas positivas que guardo com zelo até hoje. Conheci professores que se tornaram não apenas educadores, mas sim amigos, conselheiros, incentivadores, patrocinadores; e, sempre fui convicto na afirmação que cada um deu sua contribuição na manutenção do meu conhecimento, bem como em minha formação para os desafios que surgiriam num futuro próximo, não obstante, e muito do sou hoje, agradeço a eles/as. Sempre tirei boas notas, isso me rendia elogios dos meus familiares, colegas e professores.Tenho que ressaltar também o papel  da Biblioteca Municipal de Várzea do Poço com seu variado acervo de leitura. Passei a ser um assíduo frequentador da mesma, nas aulas vagas, sempre antes de retornar para a fazenda fazia uma visita para escolher um título para a minha leitura quase sempre diária. Lá deixei fluir meu gosto pela leitura e consequentemente pela Literatura, lendo autores como: Casimiro de Abreu, José de Alencar, José Lins do Rego, Drummond, dentre vários outros escritores. Gostaria de enfatizar as marcas positivas que Drummond através de seus escritos para a minha vivência de leitura, tirando assim, tantas “Pedras” do meu caminho:   

 

“Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina...

... Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível que lhe deres:
Trouxeste a chave?.( ONLINE,2016)

     Carlos Drummond de Andrade através do poema “ a Procura da poesia”, traz elementos muito fortes, sobre a imortalidade e o fazer poético. Vários autores marcaram minhas vivências de leitura e cada um involuntariamente foram cruciais para uma opção futura pelo curso de Letras Vernáculas.  

 

No final de 1990 concluí o Ensino Médio (Magistério); sempre sonhei em cursar uma universidade, mas condições financeiras não me permitiam naquele momento, pois na cidade onde moro não têm universidade. No início de 1991, fui aprovado no processo seletivo para trabalhar como recenseador no de 1991, ano em que também fui aprovado no concurso público para operador de caixa na EBAL (Empresa Baiana de Alimentos), na qual trabalhei de 1992 a 2007. Devido a carga horária nesse período não havia a possibilidade de cursar uma universidade.

 

Concretização de um sonho:

Em 2007, fui aprovado em um processo seletivo para o REDA e passei a trabalhar na secretaria do Colégio Estadual Felipe Cassiano como auxiliar administrativo, função que exerço até a presente data. Mas foi só em 2013 que tentei pela primeira vez um vestibular na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus IV em Jacobina e felizmente fui aprovado no Curso de Licenciatura em Letras Vernáculas em Português, área a qual me identifico muito. Foi um momento muito especial na minha vida.

    

​Nos primeiros dias de aula fiquei um pouco perdido devido ao longo período que estive afastado do ambiente escolar. Deu-se início então uma jornada acadêmica que teria muito que aprender e conhecer pela frente, pessoas diferentes, novos métodos de aprendizagens, pesquisas, enfim tudo era novo, mas eu sabia que por mais difícil que fosse eu estava preparado para enfrentar e vencer todos os obstáculos. As aulas seriam ministradas de segunda aos sábados, a primeira dificuldade que eu iria enfrentar era a viagem, pois, o percurso até  chegar a universidade é superior a 70 quilômetros. Mas isso não foi empecilho frente a minha determinação, enfrentei com a ajuda de Deus.

    Dando início aos trabalhos acadêmicos, percebi que iria ter que conviver com muitas pessoas diferentes de outras cidades, de costumes e pensamentos diferentes, pois a minha turma era uma turma de mais de 38 alunos. Mas foi aí que fiquei em um grupo de cinco pessoas para realização dos trabalhos, pessoas essas que no primeiro momento nos demos muito bem, então começamos a trabalhar juntas, traçamos uma meta desde o primeiro instante que começamos a fazer o primeiro trabalho em grupo, fizemos um compromisso de trabalharmos juntas lutando pelo mesmo objetivo e sempre sendo companheiras acima de tudo e, deu muito certo. Na apresentação do nosso primeiro seminário ficamos um pouco preocupadas de não apresentarmos bem, pois nunca tínhamos apresentado um seminário antes, mas graças a Deus deu tudo certo a nossa apresentação foi uma das melhores. Então percebemos que se continuássemos trabalhando da mesma forma que começamos , unidos, tudo seria mais fácil. Assim passamos por todos os trabalhos, seminários, projetos, oficinas, observações de estágio sempre de cabeça erguida, com dificuldades, mas nada que fosse impossível de realizar.

    Contei também com a ajuda, compreensão, dedicação e acima de tudo paciência de pessoas especiais como: Maria Iraídes Barreto, Helga Porto, Rúbia Lapa, dentre vários (as) outros (as) que durante a minha até então inacabada Jornada Acadêmica tem sido  compreensivas (os) e muito paciente, pois não é fácil o exercício da prática docente, e essas pessoas, estão sempre ali orientando os trabalhos, tirando dúvidas, incentivando, enfim, cada um através dos seus saberes contribuem para o meu processo de formação. Carrego boas recordações do corpo docente da UNEB,  com exceção do professor Tadeu Luciano, o qual guardo impressões negativas quanto a sua metodologia de trabalho.

      No momento estou cursando o 5º semestre, um dos momentos mais importantes que estou vivenciando agora no componente  Estágio Curricular Supervisionado I, ministrado pela professora Ana Lúcia Gomes, o Estagio I, me fez colocar em prática tudo que estou aprendendo na teoria e onde posso perceber realmente o quanto é importante a minha formação na área que escolhi , a qual tenho que me dedicar para tornar-me um profissional competente e capacitado para assumir minha futura profissão com dignidade, profissionalismo e acima de tudo, com amor pelo que faço. Lembrar das aulas e debates realizados em Estágio I, quanto as dimensões da didática: política, técnica, humana sem dar primazia a uma em detrimento da outra. Ter o ensino com pesquisa como centralidade da formaçao e a escola como ponto de chegada- partida tem sido novos e diferentes aprendizados e desafios neste semestre em Estágio I.

    Portanto, sei dos desafios e dificuldades que ainda estão por vir, mas com esperança de que tudo irá dar certo ao final dessa caminhada. Tenho orgulho de estar lutando para conseguir realizar meu grande sonho de ser uma profissional da educação. Reconheço que é imprescindível a construção de uma educação que venha desenvolver em meus futuros alunos competências capazes de fazerem a leitura de mundo e a leitura da palavra, o que irá proporcionar a formação de cidadãos críticos, reflexivos e conhecedores dos seus direitos para que possam ter a perseverança e coragem de lutar por seus objetivos. Afinal, como nos ensina o mestre Paulo (1994), a leitura da realidade precede a leitura da palavra. Aprendemos  a ler o mundo antes mesmo de decodificar os sinais gráficos das letras sendo assim, ler o mundo é tão importante quanto ler a palavra, pois um não está dissociado do outro. São dois momentos que se comunicam no ato de pensar, pois existe uma relação mútua entre a leitura do mundo e a leitura da palavra, entre a linguagem e a realidade, entre o texto e o contexto. (FREIRE,1994).

     

Posso afirmar que aprendendo que o educador deve ser constantemente um pesquisador buscando sempre soluções e aperfeiçoando a sua prática docente. Faz-se necessário que o educador se auto avalie e constantemente reflita sobre sua prática docente e busque embasamentos teóricos essenciais à reconstrução de sua prática pedagógica. Tenho plena convicção que esta prática deve estar centrada em fazer vigorar a construção do saber, levando em consideração alguns aspectos como: o conhecimento prévio, as informações e opiniões através da oralidade e da escrita e um relacionamento afetivo e solidário, sempre dispondo-se a ajudar, aliviando e/ou amenizando as angústias dos alunos e buscando juntos a solução das dificuldades encontradas no decorrer de todo processo educativo.

    

  A reta de chegada:

     Tenho certeza de que as lutas travadas, o cansaço, o desânimo e a ansiedade observados nessa trajetória acadêmica não estão sendo em vão. Hoje, me considero um homem vitorioso. Mas, é importante ressaltar que, tenho consciência de que é preciso prosseguir em busca de novos conhecimentos. Meu memorial narra um pouco da minha história acadêmica e junto também um pouco da minha felicidade em dizer que hoje estou próximo de ser um graduando e que não pretendo parar por aqui; com fé em Deus assim como ele está me concebendo essa vitória, tenho certeza que ele irá me ajudar a chegar mais adiante e cursar uma pós-graduação e quem sabe um mestrado, pois, é mais um dos meus sonhos que pretendo realizar. Hoje, estou vivenciando apenas uma das etapas que em meio a outras que pretendo, pois acredito que ser professor é sonhar com o futuro que poderá ser modificado, mas para isso tenho que estar sempre buscando, estudando, pesquisando, inovando meus conhecimentos, sendo um professor crítico e observador no percurso de minha formação identitária tornando assim um mestre tanto na vida acadêmica, quanto pessoal e profissional.

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