
MEMORIAL DE FORMAÇÃO
Elismar Santos de Almeida (Lis) nascida em Ourolândia-Ba aniversariante em dez de maio, filha de Juscelino Joaquim de Almieda e Jezionete Rodrigues “D. Jace”. Meus primeiro ano de vida é uma casinha na comunidade dos Bigode local onde reside meus avos materno. Aos três anos de idade fui morar na cidade de Campos Verde- Goiás onde nasceu minha Irmã, cumplice e companheira Elisama Almeida, aos seis anos retornamos para Ourolândia. As visitas a roça de meu avô é minha maior diversão, as noites de São João ficaram marcadas para sempre na memoria como uma linda recordação.
A chegada na casa deles era pura magia, leite de cabra em panela de barro, cuscuz, feijão com farinha, pirão e carne assada no fogão de lenha era o cardápio do dia sem esquecer das seriguelas verdes. Nasce meus irmão dois meninos primeiro Eliab, depois Elivelton os homens de minha vida, juntos aprontamos todas as artes no quintal de casa sempre se protegendo das bravesas de Mainha nosso anjo protetor.
Ingressei na Escola aos sete anos de idade na alfabetização chamada AFLA da Educação Infantil em Ourolândia-BA, nos dois anos anterior fui alfabetizada em casa pelo meu pai, uma cartilha uma tabuada lápis e borracha foram as ferramentas utilizada por ele. Não trago comigo claras recordações desse período, no entanto sou grata ao cuidado e carinho de meu pai por mim.
Aluna de escola pública desde os primeiros anos até os anos finais, apaixonada por aprender. Recordo do encanto com que ouvia minha mãe contar os contos da carochinha e outras história parte inventada por ela. Os livros principalmente os poema, as cantigas e ilustrações, um dos textos que chamou minha atenção foi Lá vem o Pato a musicalidade com que foi apresentada pela professora foi suficiente para não esquecer e buscar incessantemente aprender o texto para recitar em casa “pato pateta pintou o caneco, ... caiu engasgado com dor no papo”.
Nos anos finais do ensino fundamental surge Camões “ O amor é fogo que arde sem se ver é ferida que doe e não se sente” nos livros de língua portuguesa. Neste tempo me é apresentado a interpretação dos textos. Um episodio me marcou profundamente, a pró de língua portuguesa passa uma atividade de interpretação, eu toda animada respondo, quando acontece a correção tem um “E” enorme na minha questão, quando questionada por mim a Professora apenas responde que está errada o livro não dizia aquilo que escrevi, foi um choque naquele momento, eu não consegui compreender como somente o livro podia estar certo e qual era a resposta se ela não me disse, fui para casa e ainda hoje levo isso comigo.
No ensino médio me destaco pela fala e peco em matemática meu ponto fraco, as colegas todas estudiosas andamos sempre como disputando o melhor espaço em sala as melhores notas, nesse período faço grandes amizades há a mudança de turno, sempre aluna do turno matutino dormia as tardes, no segundo ano do ensino médio é preciso estudar a tarde por disponibilidade de turma da escola, lembro-me muito bem que dormia bastante nas primeiras aulas.
Neste momento a escola aparece em teatro, fomos apresentar a “peça” como chamávamos as apresentações teatrais com o tema Antônio Conselheiro, foi triste saber que ele morreu de caganeira. Os temas das aulas passavam pelas escolas literárias, tínhamos também aulas de redação não me recordo da obrigatoriedade da leitura de livros literários, mas nesse período eu comecei a ler Paulo Coelho, Jorge Amado, Raquel de Queiroz e li Crônica da casa Assinada, os contos em versão adaptada pela Disney Cinderela, Branca de Neve, O gato de Botas. Também li contos da carochinha era um livro com vários mini conto o que mais de chamou a atenção foi Rampultinsk ele era um malvado responsável por fazer a bela adormecida de se furar no roca de fiar e dormir por longos anos. Os livros de Pedro Malazartes e histórias da Turma da Mônica montavam meu acervo de leitura.
Ao sair do ensino médio formação geral, início a faculdade de administração EAD, logo depois de perder em minha primeira prova do vestibular do UNEB, abandono a faculdade no segundo período. No ano seguinte fiz o Enem pela segunda vez assim inicio a faculdade de História EAD em jacobina como Bolsista Prouni. Na observação de estagio, minha primeira experiência em sala com o olhar docente vê tudo muito bonito sendo o maior espanto a idade dos alunos para a serie que estão cursando. Nesse mesmo período participo de uma seleção para alfabetizadora do Programa TOPA ( TODOS PELA ALFABETIZAÇÃO).
Os alfabetizadores participaram de uma formação brilhante com profissionais de diversidade universidades, tendo como base a pedagogia de Paulo Freire logo após esse momento tenho minha primeira experiência como alfabetizadora, foram oito meses trabalhando numa comunidade rural com aulas noturnas, a turma era pequena no entanto todos queriam aprender algo. Utilizávamos cartilhas, como eu me sentia muito insegura trabalhei bastante com colagens nos primeiros meses até alguns alunos iniciarem o decodificar as letras, outros já tinham uma base alfabética estava silábicos e silábicos alfabéticos.
Os alunos em fase de garatujas tiveram pouquíssimos avanço a cópia do nome de modo legível, e reconhecimento de algumas letras do próprio nome. Os alunos silábicos alfabéticos avançaram significativamente chegando a produzir alguns bilhetes e fazer leituras de pequenos textos em caixa alta. No ano seguinte participei novamente do programa na mesma localidade tendo menos êxito com aula porque era no período do inverno os alunos se ausentavam muito e outros perderam interesse, mas os poucos que ficaram gostavam mesmo era dos contos e causos e de escrever o nome e mais bilhetes.
O Programa Topa tinha uma proposta pedagógica excelente, porém a falta de didática dos alfabetizadores inibiu o desenvolvimento das praticas. Outro fator foi que os municípios não recebiam os alunos do topa para o EJA, deixando esses alunos a mercê de retornar ao topa se quisessem dar continuidade aos estudos.
O estágio do curso de Licenciatura História acontece em 2011 na comunidade de baixas de José Felix. Numa turma pequena de alunos aplicados, saio deste modo do estagio encantada com sala de aula do ensino fundamental e saio do TOPA me sentindo um fracasso como alfabetizadora.
Em 2012 vou para o ensino médio estagiar, turma grande mais de trinta e cinco alunos turno noturno, grande parte da turma não tem assiduidade e ainda outra problemática, alguns alunos estudam duas unidades a primeira e a ultima, pois nos período de maio a agosto eles estão viajando para trabalhar no corte de cana na colheita e outra atividades deste fim.
A turma era diversificada, mais mulheres quando cheguei e logo em seguida muitos homens também, participavam da aula mas quando era a ultima gostavam de ir embora o cansaço do dia era angustiante para que ficassem até as dez, a turma realizava as atividades, não gostavam muito de leitura e quanto mais breve o tempo de explicação melhor. Gostavam de escrever sobe si mesmo falar dos sonho e eram muitos, guerras também chamavam atenção, o Egito também lhes enchiam os olhos.
Utilizar filmes ou documentários era empolgante, mas eles dormiam na sala, melhor que fossem breves, vídeos maior que quinze minutos logo eles se dispersavam. Realizavam atividades extraclasse como trabalhos para casa e fazem listas de exercício sem grandes reclamações. O tamanho da turma assustou logo no inicio, mas o trabalho foi gratificante.
Antes de finalizar o curso de História sou aprovada no processo seletivo do IFBA – Jacobina ingressando no Curso Técnico de Meio Ambiente, nesse entremeio não consigo ser diplomada pela Instituição responsável pelo curso Licenciatura em História, dou andamento ao curso de Meio Ambiente. No terceiro semestre a turma foi apresentar trabalhos no Congresso Nacional de Meio Ambiente o pôster qual apresentei foi premiado como o melhor trabalho tendo como temática A exploração de mármore no Município de Ourolândia.
No ano de 2013 fui selecionada Pelo SISU para o curso de Licenciatura em Letras com Literatura para o turno Noturno da UNEB campus IV em Jacobina. Dou inicio em 2014.1 ao curso ficando com o déficit em seis disciplinas pois não podia abandonar o curso técnico, finalizo o curso de Meio Ambiente e me dedico a UNEB. Aprender pra mim é uma necessidade, sou apaixonada por estudar e todo esse desejo me move e me estimula a crescer e chegar ao doutorado. Sonhar é a melhor coisa que podemos fazer manter-se em movimento é o passo para a realização.
Durante o ano letivo de 2015 atuei em sala de aula do ensino fundamental I. foi uma experiência gratificante sofri bastante com a disciplina de Matemática mas ao longo das duas unidades percebi que a turma não dominava conceitos e ainda assim conseguia realizar as atividades. Outra grande dificuldade da turma é com interpretação é preciso fazer um trabalho pautado nessas dificuldades, mas ainda assim a turma surpreendia na apresentação de trabalhos, extremamente criativos utilizavam cartolina para a elaboração de cartazes e escreviam os textos que seriam lidos no momento da apresentação.
Outros alunos eram mais relapsos, pagavam aos colegas para que a parte deles no trabalho fosse realizada, esses mesmos alunos não realizavam as atividades em sala apresentavam dificuldades com a escrita e leitura. Um desses alunos que vou chamar de aluno A, tinha perdido o pai no ano anterior a mãe ficou com cinco filho para cuidar. Em determinados momentos ele ia embora da escola e não retornava quando chamamos a mãe na escola fomos comunicada que ela estava com depressão.
Na tentativa de trabalhar com esse aluno e outros de atitudes semelhante preparei o plano de aula com o livro e o filme Meu Pé de laranja Lima, como os alunos não podiam comprar fiz a impressão de uma cópia do livro na escola e outra em casa divide em partes e durante a semana os grupos deveriam ler o texto e em duas aluas na sala fazíamos a leitura do livro. Também assistimos o filme na escola com direito a pipoca e refrigerante.
O aluno A que pensei que iria se identificar com o filme pouco interagiu e não quis participar das aulas de leitura do livro, no entanto a outra parte da turma e mais dois colegas que tinham comportamento semelhante gostaram da atividade e realizaram os exercícios em sala e o para casa com o tema do filme. O aluno A, apenas entregou um trabalho com um texto falando sobre o personagem e não quis argumentar sobre.
Esse ano na segunda unidade fui chamada para substituir uma professora na Escola estadual de Ourolândia com as disciplinas de redação, historia e ed. Física em três Turmas, me identifiquei com as turmas e com os alunos, mas a realização das aulas de historia eram um caos. Os alunos não gostavam da disciplina eram dispersos todo tempo e apenas realizavam listas de exercícios após a terceira semana de aula, o relacionamento com a turma melhorou e eles passaram a realizar as atividades.
A leitura em sala ainda é uma parte cansativa para os alunos, eles preferem praticar os exercícios por acreditar serem mais produtivo. As discursões em sala de aula pouco são aproveitadas, de uma turma de 30 alunos apenas dez discutem sobre o assunto durante a aula. A outra parte faz uso constante do celular mesmo sendo proibido na escola. Mas são alunos que escrevem produzem, ainda que os textos não tenham uma qualidade estética e esteja bem próximo da oralidade são produtos que trazem conteúdo, uma gama de informações advinda da televisão internet.
Também esses alunos não leem revistas nem jornais impresso e pouco ou nunca assistem noticiários, gostam de literatura americana e leem autoajuda e alguns livros brasileiros quando exigidos pela escola. Temos uma geração de leitores mudos diante das problemáticas sociais e cheios de informações fragmentadas.
A universidade tem sido uma realização pessoal e caminha para uma realização profissional, a produção de artigos e textos reflexivos é um exercício continuo para minha escriva ainda infantilizada com considero. Sinto a urgente necessidade de mais leituras e produção textual. Caminho a passos largos, aluna desde sempre de escola publica me sinto vencedora por estar aqui rumo a graduação os sonhos, sempre acreditei que escrever não é fácil e a universidade tem me apresentado todas as dificuldades de produzir um bom texto, mas também tem me dado os passos para aprender.
Hoje aluna do 5º semestre percorro 140 km diários para estudar, não vejo como esforço desumano um sonho a ser realizado tem caminhos a ser percorrido. Aqui estou eu.

