
Universidade do Estado da Bahia
Departamento de Ciências Humanas - Campus IV
C.C.: Estágio I
Professora: Ana Lúcia Gomes da Silva
Discentes: Maynara Costa; Débora Fonseca, Ilma Silva, Cássia Barbosa, Marta Miranda
Estratégias didático-metodológicas para o ensino da leitura do texto literário
Sharlene Davantel Valarini
“Ou o texto dá sentido ao mundo, ou ele não tem sentido nenhum. E o mesmo se pode dizer das nossas aulas”. (LAJOLO, 1982, p.15).
O ensino da literatura nas escolas públicas brasileiras tem se mostrado, em sua maioria, precário. Essa afirmação deve-se à falta de leitura por parte dos alunos, que por sua vez não encontram finalidade no ato de ler, ou porque os fatores linguísticos empregados na obra literária lhes limitam a compreensão, ou porque não há letramento literário que viabilizem ou que mediem, de forma contextualizada, as práticas de leitura. Essas questões estão diretamente ligadas à cultura do estudante, contudo, vemos que o professor ao tentar propagar a leitura em sala de aula, ignora toda diversidade cultural existente nela, isto é, dissocia a literatura da realidade do aluno.
Fatores como esses aqui apresentados, se encontram expressivamente no texto de Sharlene Davantel Valarini, o qual tem como princípio, discutir percepções e estratégias de ensino para leitura do texto literário no espaço da sala de aula. A autora, aponta que é papel da escola, no atual contexto em que vivenciamos, marcado pela tecnologia e rapidez das coisas, tornar/se criativo os exercícios que envolvam textos literários. Ela destaca que é papel da escola formar o estudante um cidadão-leitor, contudo os alunos, muitas vezes, chegam ao ensino médio, com dificuldades de leitura e interpretação textual, e isso, possivelmente, acontece porque as aulas de Língua Portuguesa dão maior ênfase ao ensino da gramática, deixado a literatura num lugar de desprivilegiado.
Nos aspectos que envolve as concepções de leitura e literatura, o texto apresenta elementos que nos levam a perceber que as atividades propostas pelos professores em sala de aula, são, em sua maioria, centradas em decodificação de textos, deixando de fora prática de discussões, interpretações e considerações individuais sobre eles. Assim sendo, tornando deficiente a capacidade de esses alunos explorem os sentidos das palavras.
O texto literário apresenta uma linguagem subjetiva e muitas vezes essa característica pode distanciar o aluno das leituras por não conseguir “compreender’ a sua estética e palavras conotativas. Geralmente o que acontece é a dependência pela interpretação do professor, de modo que esse processo acaba por comprometer a interação desse aluno com o texto literário.
É importante deixar claro em sala de aula que a literatura é muito mais que uma escrita performática, ela precisa ser apresentada como uma criação artística carregada de ideologias e representações, isso acaba por oferecer mais conhecimento a quem o lê e possivelmente, o leitor vendo uma finalidade e se identificando com aquilo que leu, sentirá prazer nessa prática.
A literatura tem a capacidade de ser universal, de versar sobre temáticas presente em nossas vidas, afinal são características marcantes a ela a mímese e a verossimilhança, buscando tratar sobre realidades já vividas, ou idealizadas. Segundo Cândido (1995), “A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza, a sociedade, o semelhante”.
Apontando essas marcas literárias e a importância dela para o ser humano, Valarini apresenta algumas estratégicas didático-metodológicas que podem despertá-los o gosto literário e a prática dessa leitura. Assim sendo, ela sinaliza a importância do professor estar sempre atualizado sobre os textos literários e a necessidade de ele ser capaz de proporcionar aos alunos variedades textuais para que eles possam também ter autonomia de escolhas. Dessa forma o educador estaria respeitando os limites e as opções literárias de seus alunos.
A partir disso, a autora elenca algumas ideias, de alguns estudiosos sobre o ensino literário. São elas:
DOIS MODELOS DE SEQUÊNCIAS, segundo Rildo Cosson (2006).
1. Sequência básica – Compreende em preparação do aluno, apresentação do autor e da obra, mediação da leitura pelo aluno e pelo professor e finalmente a interpretação.
2. Sequência expandida – Compreende as mesmas etapas da sequência básica, contudo há dois momentos de interpretação. Uma é a compreensão global do texto e o outro é o aprofundamento de aspectos específicos necessários ao propósito do professor.
MÉTODO RECEPCIONAL, segundo Aguiar e Bordini (1993).
Esse método é baseado na estética da recepção de Jauss (1994). Compreende nas seguintes etapas:
- Determinação do horizonte de expectativa;
- Atendimento ao horizonte de expectativa;
- Ruptura do horizonte de expectativa;
- Questionamentos do horizonte de expectativas;
- Ampliação do horizonte de expectativas.
Essas etapas permitem aos alunos uma relação mais consciente com a literatura e com os seus diversos contextos de vida.
PROPOSTA POR SARAIVA E MÜGGE, baseado na estética da recepção, segundo Jauss (1994).
Essa metodologia foi desenvolvida com base no relato e na capacitação dos alunos. Compreende nas seguintes etapas/;
- Leitura Compreensiva – Leitura inicial e análise do texto;
- Leitura interpretativa – confronto e impressões das leituras da primeira etapa;
- Etapa de ampliação – Extrapolação dos sentidos do texto literário.
Diante dessas propostas, podemos perceber que todas elas partem do cuidado que o professor deve ter para com as diversidades de cada aluno, bem como partem da necessidade de esse professor estar sempre buscando conhecimentos que subsidiem as suas práticas. Com tudo isso, o objetivo de fazer com que o indivíduo desenvolva suas habilidades interpretativas e críticas sobre a leituras, será alcançado.
Tornar a leitura como uma prática obrigatória e com finalidade analítica não desperta prazer algum, mas enxergá-la de forma menos sólida, menos despretensiosa e mais subjetiva certamente levará o aluno (leitor) ao deleite.