UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CAMPUS IV
COMP. CURRICULAR: Estágio Supervisionado I
DOCENTE: Dr. Ana Lúcia
DISCENTES: Martha Miranda
Maynara Costa
Naiane Santana
Roseli Araújo
Estágio e reflexão docente na trajetória da formação
Pensar em estágio curricular como uma prática docente é pensar no movimento de aproximação entre duas instituições formadoras que, por sua vez, trazem especificidades e ideologias que podem se confrontar. Geralmente isso implica nas diferentes relações de poder que cada uma exerce na sociedade. Justamente por esses impasses é que se faz necessária a prática da reflexão.
Refletir sobre o que fazemos é um momento de evidenciação das nossas ações, é ampliar, reparar e pensar em transformações. A pesquisa de Maria Ghisleny de Paiva Brasil “Estágio e reflexão docente na trajetória da formação”, traz uma abordagem bastante significativa sobre a contribuição do estágio supervisionado para a formação reflexiva, pois as dificuldades e desafios encontrados em sala de aula impulsionará ao docente a uma análise crítico reflexiva da sua prática.
A tarefa de ser docente não é fácil, podem se somar anos e anos de experiência o trabalho sempre exigirá o nosso melhor. Nessa fase inicial de estagiário o nível de complicações e dúvidas será maior, especialmente no exercício de se conseguir trazer os conceitos teóricos aprendidos na academia para sala de aula.
A diversidade encontrada no ambiente escolar é significativa, por esse motivo o docente deve estar atento ao aliar teoria e prática ao contexto da realidade escolar. Os erros ocorrem por não haver essa reflexão, de que cada espaço é único, cada aluno também e que a teoria oferece subsídios para a uma prática de ensino-aprendizagem satisfatória.
Outro fator limitante são as políticas controladoras propostas pela gestão da instituição, estas, por sua vez, podem interferir diretamente no plano do professor que muitas vezes acaba cedendo e não fazendo o que desejava e isso pode refletir numa mudança na sua identidade profissional.
Por isso a relevância da pesquisa de Maria Ghisleny, cujo entrave se estabelece em como construir uma nova sistematização no trabalho docente a partir da reflexão das próprias práticas. Essa reflexão não parte de uma simples análise, ela exige mudança, um olhar panorâmico, crítico e inovador, sobretudo flexível. É um exercício de reflexão na ação em que se encontra trilhas para transpor as barreiras encontradas no processo de aprendizagem.
Como movimento do pensamento, é uma atividade exclusiva da espécie humana que auxilia na formação da consciência e da autoconsciência, conferindo aos indivíduos maior autonomia para pensar, fazer opções e agir (IBIAPINA, 2007).
É notório o valor que se tem um profissional que reflete e outro que não. O profissional que reflete reconstrói seus métodos, resignifica suas aulas se preciso for, pois ele passa a conhecer a turma e a se auto reconhecer também. Ele não se contenta, quer sempre mais. O professor que reflete é flexível, pois ele compreende as mudanças que precisam ser feitas, haja vista as desigualdades e as diferenças encontradas. O professor que reflete tem um compromisso com o aprendizado e por isso não se deixa limitar por políticas limitadoras, ele encontra subsídios teóricos para encontrar sua melhor e eficaz prática de ensino.
Reflexões do texto:
Estágio Curricular na formação de professores: Propostas e possibilidades no espaço escolar
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BARREIRO, Iraíde Marques de Freitas, 1992- Prática de ensino e estágio supervisionado na formação de professores/ Iraíde Marques de Freitas Barreiro, Raimunda Abou Gebran.- São Paulo: Avercamp, 2006.
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Estágio como um espaço de saber (aprendizagens): O estágio deve ser visto como um espaço de reflexão e investigação docente, pois ao observarmos as práticas educativas será possível identificar os contextos que condicionam esta prática, visto que, o ensino aprendizagem transcende a sala de aula. Nessa perspectiva é necessário que o professor atue nas dimensões éticas da docência: política, ética/ humana e técnica. E nessa prática docente o professor precisa ser o mediador entre “o ensino e a aprendizagem dos alunos”.
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Articulação da teoria-prática: É notoriamente importante que o educador, como sujeito produtor de conhecimento articule em sala de aula a teoria à prática, pois por meio de sua prática docente será possível transformar o ambiente escolar. Mas, para esta transformação é necessário que o docente conheça o espaço escolar, pois “a escola é vida em processo” sujeita a mudanças diante das várias faces da educação.
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Princípios norteadores do projeto de estágio supervisionado: 1: A docência é a base dos cursos de formação; 2: O estágio é um momento da integração entre teoria e prática; 3: O estágio não se resume à aplicação imediata ou mecânica; 4: O estágio é o ponto de convergência e equilíbrio entre o aluno e o professor. O estágio deve ser visto na perspectiva desses princípios norteadores, pois a principal finalidade do estágio é “contemplar a formação do professor capaz de atender às demandas de uma realidade que se faz nova e diferente a cada dia”.
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Observação e atuação na escola: Após a compreensão da importância do estágio, que não deve ser visto como uma disciplina para cumprimento de carga horária e sim com um espaço que pressupõe aquisição de saberes pedagógicos que devem garantir ao estagiário uma ação comprometida com o processo educativo, o estagiário perceberá que a observação e a atuação na escola permite ao educador metodologias que nortearão as práticas docentes e consequentemente refletirão de maneira satisfatória o ensino-aprendizagem dos alunos.
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O primeiro momento de observação do estagiário na escola começa pelo espaço físico e seu entorno para saber o modo como a escola funciona, quais seus percalços e com faz para resolver os problemas que surgem e ainda como é a relação da escola com a comunidade externa, depois análise do projeto pedagógico dessa escola e qual contexto social e histórico em que está inserida e por fim a elaboração de um diagnóstico para levantar dados e informações que facilitem a visualização das necessidades e problemas da escola;
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No momento seguinte o estagiário irá elaborar e iniciar um projeto de atuação dentro da escola em algum setor que necessite de ajuda implicando assim na participação dele nas reuniões internas e nos eventos que dizem respeito à escola. O momento de interação dos estagiários com a escola proporcionará ir a fundo ao questionamento e confrontamento das relações entre alunos e professores comunidade escolar com a comunidade acadêmica. A participação do estagiário nas reuniões internas da escola possibilitará a interação com os professores e os prazeres e desprazeres da vida docente dentro da escola.
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E por último vem à observação e atuação do estagiário em sala de aula onde a partir de agora este passará a analisar a prática docente e de forma singular, a apreensão das condições e quais fatores determinam a ação educativa e os sujeitos envolvidos. Para tal observação é preciso que o aluno- estagiário seja acompanhado e supervisionado pelo professor que o orienta. O estagiário precisa ser supervisionado para que não crie um,a relação de competividade com o professor, nesse processo de interação coletiva contribui para o reconhecimento da prática e da sua constituição docente. O momento de observação proporciona ao estagiário poder aplicar e rever na prática as teorias estudadas em seu processo de formação acadêmica.
