
Eu me chamo Ilma Oliveira da Silva Cezário, sou filha de Floraci Crisostino de Oliveira (minha avó materna) de Dilma Fernandes (minha mãe biológica) de Sandra Fernandes (minha tia, mãe adotiva, e de coração) de Celma Fernandes (minha tia) e de Djalma Fernandes (meu tio e melhor amigo). Nasci em 1995 em Várzea Nova-BA, cidade na qual resido atualmente. Hoje aos 21 anos de idade sou casada há seis anos e tenho o bem mais precioso que alguém poderia ter, um filho de cinco aninhos chamado Tarcísio Manoel, este responsável por renovar minhas forças todos os dias, e por fazer com que eu busque um futuro melhor.
Nascida em família humilde em uma pequena cidade do interior da Bahia chamada Várzea Nova, situada entre Morro do Chapéu e Jacobina, fui deixada pela minha mãe biológica (por motivo de força maior) com oito meses de idade, na casa da minha vó materna, onde moravam duas tias, uma com treze outra com doze anos, um tio com oito anos de idade e minha vó. Fui criada pelos meus tios e por minha vó e passei a chamar uma das minhas tias de mãe, está se chama Sandra e com apenas 13 anos de idade me acolheu como filha. Devido a humilde situação em que vivíamos e com a minha chegada, minha mãe teve que começar a trabalhar ainda muito jovem, e por ter uma imensa criatividade passou a trabalhar em uma escola particular de educação infantil. E neste momento comecei a ser alfabetizada. Enquanto minha mãe trabalhava durante o dia e estudava a noite, no quintal da minha casa, meu tio me ensinava a escrever meu nome, com um graveto riscávamos o chão, e aos 2,5 já sabia traçar meu nome.
Fui alfabetizada em casa entre os 3 e 4 anos de idade. Através das histórias e das cantigas contadas pela minha vó, ela me ensinou os números, as cores, os tamanhos, as formas, e vários outros saberes que hoje fazem parte do currículo da educação infantil. Minha mãe era minha professora de português e minha tia minha professora de matemática, tínhamos também as disciplinas de artes e estudos sociais e todos os dias tirávamos uma hora para estudar, de modo que aprendi a ler e escrever completamente em casa.
Fui à escola pela primeira vez aos cinco anos de idade, já alfabetizada entrei na turma de alfabetização na escola em que minha mãe trabalhava, este foi o único ano em que estudei em escola particular. Fiz todo o primário em escola pública, estudava pela manhã e em casa sempre tive assistência de toda a minha família, principalmente da minha vó que ficava mais tempo em casa. Sempre tive acompanhamento em minhas atividades escolares, minha mãe sempre participou das reuniões e comemorações da escola, um fator de fundamental importância para meu desenvolvimento escolar.
Estudei o ensino fundamental II na única escola pública da cidade que oferecia esta modalidade. Sempre gostei de estudar e sempre tirava as melhores notas da classe, até entrar na adolescência e aos 12 anos cursando a sétima serie perdi o interesse e desistir de estudar. No ano seguinte fui matriculada novamente na sétima série agora no horário vespertino e não conseguir frequentar até a metade do ano. Na terceira tentativa, um pouco contra a vontade de minha mãe, mas com um atestado do psicanalista o qual frequentava, fui matriculada no horário noturno e após perceber o tempo que havia perdido estando fora da escola, conseguir concluir a sétima série aos 14 anos de idade.
No ano seguinte aos 15 anos de idade comecei a estudar a oitava série no turno noturno e fora da escola conheci meu esposo e engravidei do meu primeiro filho. Devido ao tempo sem estudar e apesar de todas as dificuldades de uma gravidez de risco, conseguir com o apoio de meu esposo e da minha família concluir o ensino fundamental com êxito.
Aos 16 anos de idade entrei no Ensino Médio no colégio estadual da cidade, casada; com um filho recém-nascido, frequentava as aulas no turno noturno levando a criança todos os dias comigo. Por conta da dificuldade de levar meu filho pequeno todos os dias para a sala de aula, principalmente na época do frio, sentir por muitas vezes vontade de desistir, mas novamente pude contar com a ajuda de meu esposo e minha família e conseguir concluir o Ensino Médio com desenvoltura e neste momento percebi que qualquer dificuldade poderia ser enfrentada, e que o término do Ensino Médio era apenas o começo de um mundo de possibilidades.
No final do ano de 2013, ainda cursando o terceiro ano do Ensino Médio, prestei o vestibular para o curso técnico de Meio Ambiente no IFBA em Jacobina, e para o curso de Letras Vernáculas no UNEB também em Jacobina, passei nos dois vestibulares optando pelo curso de Licenciatura em Letras, de modo que quando concluir o Ensino Médio já possuía o ingresso para Universidade. Ainda neste ano realizei também a prova no ENEM e no segundo semestre do ano de 2014 participei da seleção do PROUNI e fui comtemplada com uma bolsa integral no curso EAD de Pedagogia pela UNIP, onde comecei a cursar em agosto de 2014 na cidade de Morro do Chapéu, e vou ao polo uma vez a cada quinze dias e realizo as atividades virtuais em casa.
A escolha em cursar Letras Vernáculas partiu de um processo de eliminatória, visto que a modalidade de licenciatura nunca me despertou interesse, mas pelo fato de não ter disponibilidade para me deslocar para outras cidades por conta de ter um filho pequeno, acabei optando pelo curso de Letras, pelo fato de me sentir encantada por poesia e de funcionar no turno noturno. A entrada na academia abriu meus horizontes e me proporcionou um mundo de possibilidade, ao longo do curso tive a oportunidade de me apaixonar pela arte da literatura e aumentar o amor pela poesia, que hoje posso dizer que é umas das responsáveis por significar a minha vida.
Cursando o terceiro semestre do curso de Letras, tive a oportunidade de fazer um estágio remunerado pelo IEL, em um povoado de Morro do Chapéu, no período de um ano, onde lecionava as disciplinas de química e redação nos três anos do Ensino Médio. Este período foi muito significativo para minha formação, pois sendo meu primeiro contato com a sala de aula, tive a oportunidade de vivenciar um pouco da realidade típica das escolas públicas, trazer um pouco das teorias estudadas na Universidade e criar minhas próprias concepções a respeito do ensino público.
Tive dificuldades em algumas disciplinas do curso de Letras, principalmente na área de gramática, pelo fato de não ter estudado no período escolar por conta do estudo noturno ser mais restrito e não abranger todo o currículo. Sentir por muitas vezes vontade de desistir por morar em outra cidade e ter muita dificuldade com transportes para o deslocamento até a Universidade, e por ter que abrir mão de está com meu filho todas as noites, de coloca-lo para dormir contando histórias e cantando cantigas de ninar, como minha mãe fez durante toda a minha infância. Mas como meu esposo se responsabilizou de assumir o papel de mãe enquanto eu estiver fora, estou conseguindo dar continuidade aos cursos.
Em fevereiro de 2016 iniciei o curso de Pós-Graduação pela UESSBA da cidade de Irecê, no curso de Psicopedagogia Institucional e Clínica, onde me reúno para assistir aula aos sábados uma vez por mês. Ainda cursando o curso de Pedagogia onde me encontro no 6º semestre, e o curso de Letras Vernáculas que curso o 5º semestre, reservo um tempo para a Pós-graduação por acreditar que estudar seja a melhor opção na vida de qualquer pessoa, e por o conhecimento ser algo essencial para a existência humana.
No semestre de 2016.1 na UNEB, tive a oportunidade de fazer parte do Programa de Iniciação a Docencia PIBID, e estou tendo a oportunidade de está novamente em contato com a sala de aula, porém com um novo público, agora ensino fundamental e ainda fazer o primeiro estágio (de observação) do curso, em uma escola estadual da cidade de Jacobina. Essas duas experiências estão sendo fundamentais para minha formação docente, visto que com o estágio posso observar como ocorre o processo de mediação entre o professor e alunos, posso analisar de maneira crítica, resignificando as práticas pedagógicas, absorvendo os pontos positivos e refletindo sobre os pontos negativos.
Através dos estágios dos meus cursos, pude perceber a necessidade que a educação tem de profissionais com o olhar crítico para educação e com a vontade de mudança principalmente nas series iniciais por entender que a base da educação se dar neste período e é um fator determinante para toda a vida escolar do indivíduo.
Terminei recentemente junto com mais dois colegas a produção do TCC de Pedagogia, onde trabalho com a relação entre a familia e a escola, e espero ansiosamente a data da apresentação que será em dezembro deste ano. Descobrir tambem recentemente com o que vou trabalhar na construção do TCC na UNEB, que será com os poemas de meu poeta preferido: Augusto dos Anjos, apesar de faltar muito para a conclusão de tal trabalho, me sinto aliviada por saber qual caminho irei seguir. De agora em diante é só se debruçar nos livros e viajar pelo infinito mundo da poesia.
Acredito que só foi possível eu ter conseguido chegar até aqui por minha família ter me proporcionado uma educação de qualidade, com uma base sólida, por todo o acompanhamento dado por eles durante toda a minha vida escolar, atribuo parte das minhas conquistas em especial a minha vó Floraci, minha mãe Sandra, e meus tios que conviveram comigo, pois sempre acreditaram na minha capacidade de crescer e alcançar novos caminhos.
A expectativa é que nos próximos semestres, e nos próximos estágios possa aprender ainda mais e enriquecer meus conhecimentos para que possa me tornar uma docente capacitada para exercer o magistério da melhor forma possível, podendo assim mudar vidas e até quem sabe a educação pública. As experiências adquiridas durante a passagem pelas academias serviram de alicerce para a construção da minha identidade profissional e como ser humano.
Após concluir os três cursos que faço desejo continuar estudando, pois depois de conhecer esse mundo espetacular, coberto de informações e de possibilidades, não me imagino na vida sem ele.

Memorial de Formação
" Que eu não perca a vontade de viver, mesmo sabendo que a vida é em muitos momentos dolorosa" Chico Xavier

Carta escrita por mim em dezembro de 2000, aos cinco anos de idade.
